Texto: Theodor Adorno
(...)Para
esclarecer o problema, eu gostaria de fazer uso de uma pequena experiência pessoal.
Em entrevistas e levantamentos de dados, sempre se é questionado sobre o seu
hobby. Quando as revistas ilustradas informam a respeito de algum figurão da
indústria cultural, falar dos quais é, por sua vez, a ocupação principal da
indústria cultural, poucas vezes perdem o ensejo de relatar algo mais ou menos íntimo
sobre os hobbies dos mesmos. Quando me toca essa questão, fico apavorado: Eu
não tenho qualquer hobby. Não que eu seja uma besta de trabalho que não sabe
fazer consigo nada além de esforçar‐se e fazer aquilo que deve fazer. Mas
aquilo com o que me ocupo fora da minha
profissão
oficial é, para mim, sem exceção, tão sério que me sentiria chocado com a idéia
de que se tratasse de hobbies, portanto ocupações nas quais me jogaria
absurdamente só para matar o tempo, se minha experiência contra todo tipo de
manifestações de barbárie — que se tomaram como que coisas naturais — não me
tivesse endurecido.(...)"
Referência
ADORNO,
Theodor. Tempo livre. In: ______. Indústria cultural e sociedade. São Paulo:
Paz e Terra,
2002.
Arte: Débora Bacchi
Técnica Naquim e grafite aquarelado sobre Canson A4.
Nenhum comentário :
Postar um comentário