Por: Andrej Carraro
Licenciado em História, professor e
colunista deste site.
Venho sendo derrotado pelo discurso simplista, ignorante e agarrado ao senso comum, mesmo quando apresento argumentos
fundamentados, de nada adianta. Não consigo fazer com que o oponente se mova um centímetro para fora de seu orgulho próprio, admitindo estar errado ou, sob algum aspecto, concordando com meus argumentos.
Quando perdi, saí abatido pela rigidez da mentalidade do oponente.
Me fez por um breve momento desistir de tudo, mas foi aí que entendi o
significado de “a nossa luta é diária”. Isso me fez refletir sobre os meus
métodos, minhas abordagens e minha arrogância, daquele que achava que poderia,
pelo fato de ter um diploma de História na parede da sala, estar acima do
conhecimento alheio. Falhei em outro aspecto.
Porém, o que me vem à mente neste momento, é buscar
entender como essa mentalidade que despreza a fundamentação teórica, adquirida em anos de estudos e que denominamos ou reduzimos ao termo fascista, vem crescendo no nosso país (e no mundo).
Na área da educação, que sabidamente não vai bem, falta
muito a se fazer justamente para formar cidadãos contestadores e críticos. Dessa
forma, a formação da nossa sociedade enquanto cidadão pensante é rasa e insuficiente, colaborando indiretamente com o discurso
simples e condenatório da mídia, da imprensa brasileira que não está
interessada em informar o cidadão, mas formar, lapidar seu pensamento e apontar
a quem deve-se fazer linchamentos morais (e até físicos). A nossa
imprensa se interessa puramente no que as empresas anunciantes lhe ordenam, tendo no Estado também uma de suas maiores fontes de financiamento (G1 - Governo abre mão de 10 Bilhões).
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Soluções rápidas e fáceis como num filme de ficção. |
É sabido que no Brasil, sofremos um duro golpe político (Delação de Temer e Cunha) que culminou
com a saída da presidente petista Dilma Roussef, e os “novos” comandantes desse
gigantesco país golpeiam diariamente os trabalhadores. Mesmo com seus 3% desaprovação popular, não desistem de permanecer no poder para satisfazer os
desejos da elite econômica, oferecendo de bandeja a flexibilização das leis
trabalhistas, a redução da multa na rescisão do contrato com o trabalhador, a
terceirização do trabalho, arrocho salarial, etc.
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Dilma foi eleita democraticamente e foi retirada por um golpe.
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O discurso de ódio crescente no Brasil, fez com que Stalin e Hitler fossem vistos por essas pessoas como a mesma coisa, o nazismo virou de esquerda e Chê Guevara
tornou-se um dos maiores assassinos da história. Paralelamente a isso, a
esquerda também cresceu? Poderia dizer que sim, mas não tenho convicção disso
(e nem provas). Entretanto, tenho a convicção de que a luta por direitos vem
crescendo: direitos dos LGBTISTAS de poder viver em paz, das mulheres feministas contra o
machismo menos evidente, dos afro-brasileiros por respeito, dos trabalhadores do transporte público, das
ONGs de proteção aos animais, etc. Isso tudo vem crescendo e ocupando o espaço
na internet, sendo difundida as ideias que condenam o pensamento arcaico e a
injustiça.
Talvez não saibam, os mais conservadores, que artistas não
são necessariamente esquerdistas (ou esquerdopatas, como debochadamente
costumam dizer). Ser negro, mulher ou homossexual lutando por seus direitos não é ser comunista. Ao mesmo tempo que crescem os radicais (sementes fascistas) que parecem defendem a legitimidade do discurso racista, misógeno e homofóbico, se fortalecem cada vez mais os verdadeiros movimentos sociais de luta em defesa dos direitos das minorias.