Por: Everton Marcos Grison
“o sistema esvazia nossa memória, ou
enche a nossa memória de lixo, e assim nos
ensina a repetir a história em vez de fazê-la. As tragédias se repetem como
farsas, anunciava a célebre profecia. Mas entre nós, é pior: as tragédias se
repetem como tragédias” (GALEANO, 2000, p. 121).
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Imagem de Marighella assassinado pela Polícia sob o comando do delegado Fleury. |
A culpa é de quem? Alguém precisa assumir a desgraça de
uma juventude que está ficando velha na aparência, mas conserva a jovialidade
da consciência com pouca experiência e raso conhecimento. Como é cômodo apontar
o torturador e então amarrá-lo em um poste. Também é possível ser um pouco mais
sádico, arrastando o corpo do algoz, vivo é claro, pelas ruas da vida, como se
fosse um desfile com carro alegórico, só que com a morte servindo como salário
do silêncio.
Quem é o responsável pelo medo que trava a juventude
inexperiente, fazendo com que se tornem uma massa disforme, passiva, sem cheiro
e sem dor? Aquela dor da consciência, ou seja, aquele estado de espírito que
bate no próprio rosto exigindo um mínimo de ação. O que trava a ação é o medo.
Aquele medo que obriga um pobre a retirar as mãos do bolso no interior de uma
loja e ao sair, confere para certificar-se que realmente não roubou nada.
Também existe o medo de saber que nos conduz a quietude da ignorância, à
aceitação passiva da maldade e da injustiça, como se ambas fossem uma realidade
incontestável.
A escola que ensina o medo, a juventude envelhecida não
frequentou e pouco quer saber. Os tempos eram outros, a política era outra, os
movimentos e as pessoas eram completamente desconhecidas, entretanto, são
muitos os mortos não sepultados além dos desaparecidos que vagam como almas
penadas, acotovelando-se aos demais em busca de sua sepultura.
A
ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu em surdos
mudos. Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece de amnésia; mas
não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe o tapete que possa
ocultar a sujeira da memória. (GALEANO, 2000, p. 110).
Trinta anos é o espaço temporal que
separa os jovens de hoje, envelhecidos e anêmicos, dos jovens de ontem, joviais
e pulsantes. São três décadas do fim da ditadura militar brasileira e ainda não
se encontrou tempo para saber quem eram aqueles seres que queriam mudar o mundo
para melhor. Em trinta anos evoluímos muito e decrescemos imensuravelmente no
poço da memória. Quase nada sabemos sobre Chael Charles Schreider (morto em 1969); João Lucas Alves
e Severino
Viana Calú (João teve seus olhos perfurados e suas unhas
arrancadas. A polícia declarou como causa
mortis o suicídio. Sua morte ocorreu na delegacia de Furtos e Roubos de
Belo Horizonte. Calú morreu na Guanabarra); Eduardo Leite (era conhecido
como Bacuri. Trabalhava como técnico em telefonia. Assassinado com requintes de
crueldade); Luiz
Eduardo da Rocha Merlino (o exame necroscópico atesta morte por
atropelamento. Sua morte foi provocada pela intensidade das torturas sofridas);
Joaquim
Alencar Seixas (consta que Joaquim morreu em tiroteio travado
com a polícia. Entretanto, seu corpo foi retirado do interior da OBAN já sem
vida. Sua morte se deu por tortura); Carlos Nicolau Danielli (também consta que
morreu em tiroteio, mas, sua morte ocorre por ter sido torturado de forma
intensa por três dias, até ser levado a óbito); Odijas Carvalho de Souza (o
delegado do DOPS, Dr. Silvestre é o responsável pela aplicação das torturas que
levaram Odijas à morte. O delegado bateu no acusado até se cansar. Tal delegado
também era chamado de Miranda); Alexandre Vannuchi Leme (estudante de Geologia
da USP foi barbaramente torturado até chegar a óbito. Sua morte foi declarada
como atropelamento. Outras duas explicações surgiram para justificar sua morte,
ambas por atropelamento); José Ferreira de Almeida (tenente da Polícia
Militar de São Paulo, com 63 anos, veio a morrer devido as sevícias sofridas,
nas seções de tortura); Wladimir Herzog (jornalista, foi morto nas
seções de tortura que sofreu. Os militares forjaram seu suicídio, pendurando
seu corpo já sem vida, em uma das celas do DOI. Wladimir foi considerado agente
infiltrado da KGB [organização russa], e teria cometido suicídio para preservar
a organização que fazia parte, não denunciando nenhum nome nos interrogatórios
que foi submetido. (Cf: Brasil Nunca Mais, 2011, p. 288-302).
A fraqueza da juventude anêmica é
gerada nos vinte e um anos de atrocidades pelo regime. Dos jovens de hoje,
muitos eram bebê à época e receberam a marca à ferro quente da desmemoria. Os
que nasceram depois trouxeram do útero o verme do desconhecimento. A ditadura
militar atingiu o brasileiro diretamente no seu âmago. Na tortura[1],
na mortificação do corpo e da consciência, infelizmente riscaram com pedra pontuda
a imagem da consciência crítica. Assassinaram-nos antes que nascêssemos na
ocasião em que os jovens de ontem apanhavam no pau de arara[2], na cadeira do dragão.[3][4]A
mancha de derrotismo, impotência e aviltamento é permanente. Só será lavada a
partir do conhecimento dos fatos ocorridos.
Uma das iniciativas mais audaciosas
e ao mesmo tempo perigosas representou o projeto Brasil Nunca Mais, que consistiu na analise de mais de um milhão de
páginas dos processos registrados pelos militares. Desse trabalho faraônico
resultou um relatório de cinco mil páginas, o qual serviu de fonte principal,
para a produção do livro com o mesmo nome do projeto. Um bom número de
militares renegou e renega o livro e para fazer frente a sua publicação,
produziram um escrito chamado: Brasil
Sempre[5],
contestando que não houve um golpe militar e que as torturas foram brandas.
No ano de 2003, a biblioteca do
exército publicou um livro intitulado: “1964 – 31 de março: o movimento
revolucionário e a sua história”, reafirmando as ideias defendidas em Brasil
Sempre em 1985 e reeditado e ampliado em 2014. Ambos os livros carecem de
honestidade histórica, pois tentam falsificar ocorrências fartamente
comprovadas[6] igualando-se
aos grupos espalhados pelo mundo, interessados em dizer que o Holocausto
perpetrado pelos nazistas não ocorreu. Os militares perpetuam um desserviço ao
não reconhecerem que a Ditadura Militar no Brasil sangrou o povo brasileiro por
vinte e um anos. Este é um dos passos necessários para que os jovens de hoje
entendam o que representou ser um jovem ontem.
Antônio dos Três Reis de Oliveira,
um estudante de Apucarana – PR era um jovem de ontem, sonhador, buscava
melhorar seu país para torná-lo justo, livre, democrático e com menos
desigualdade social. Para Três Reis
De manhã,
ao acordar, sua vida já estava definida com regras claras entre o permitido e o
proibido. Proibido, por exemplo, pensar demais, perguntar demais, questionar
demais, conversar demais e, principalmente ler demais. Até porque os livros
bons só eram relacionados e permitidos pela Ditadura Militar. E seria
extremamente conveniente exibir em casa, junto do material escolar ou até
debaixo do braço como um troféu, o livro mais importante do Brasil da época,
intitulado: “Educação Moral e Cívica”. Um livro de texto sem entusiasmo para um
estudante, mas que trazia no seu conteúdo o manual de pensamento e
comportamento obrigatório diante do governo tal como os dez mandamentos
bíblicos: amar o governo militar sobre todas as coisas e nunca usar seu santo
nome em vão”. (S/A, 2010,p. 18).
A ditadura militar agia como um
princípio religioso fornecendo aparato e caminho para a salvação comunista. A
eles, tal doutrina e regime iria tomar o Brasil de assalto. Para proteger o
país de tamanha ameaça, optaram pelo beneficiamento de poucos ao mesmo que
bradavam ordens e davam tabefes em muitos. Foram muitas as crianças, mulheres,
jovens, homens e idosos que dormiram com a cabeça pesada e as orelhas quentes;
os jovens de ontem eram barbaramente torturados.
Três Reis sabia de tudo isso e
justamente por tal situação agarrava-se a suas ideias, ideais e amigos
proclamando aos estudantes;
Cabe a
nós, os estudantes a tarefa de honrar o símbolo maior da nossa unidade como
povo, não apenas cantando o hino da Bandeira nas comemorações da escola, mas
nos preparando para assumir postos chaves desta nação, quando formos mais
velhos, sabendo que a nossa principal tarefa é garantir, sempre, o direito de
todos a estudar. O direito de todos frequentarem uma faculdade; o direito de
todos terem acesso aos livros, ao conhecimento, ao ensino qualificado. O
analfabetismo que mancha de tristeza a nossa bandeira é, colegas estudantes, a
causa primeira das desigualdades sociais, porque no rastro dele vem a miséria,
o atraso. (S/A, 2010, p. 35).
Reis provavelmente diria ao
jovem de hoje que, na escola deveriam aprender primeiramente, o significado do
ponto de interrogação, pois são as perguntas que realmente movem o mundo e nos
tiram da mediocridade, tonificando nosso cérebro e acabando com a anemia de uma
geração que é burra de história, com ídolos estrangeiros, ao mesmo tempo em que
se alimenta de semicultura ao ler Olavo de Carvalho. O jovem de hoje
perguntaria: mas Três Reis, e o ponto final? O ponto final não precisa ser
aprendido, mais dia menos dia, ele finaliza a frase no dia que finda a
existência de cada um.
No dia 17 de maio de 1968, depois de
já ter sido preso no histórico XXX Congresso Nacional dos Estudantes, a
ditadura arrancou a caneta de Três Reis e lhe impediu de continuar escrevendo
sua história. Calaram suas perguntas com o som das balas que fuzilaram seu
corpo, no bairro Tatuapé em São Paulo. Mataram seu corpo, como também fizeram a
Sócrates na Grécia antiga, mas não atingiram seu sonho: “de viver num país economicamente forte, democrático e fraterno. Um
país respeitado por outras nações, um gigante acordado e ativo”. (S/A,
2010, p. 36).
O jovem de hoje precisa saber que o
sonho de Três Reis vai além dele, é algo que só pode ser possível se for
entendido por muitos. No raiar de cada dia precisa pensar que, quem esquece o
passado está fatalmente condenado a repeti-lo, com roupagem de maior
mediocridade e menor vida. Sua curiosidade perguntará: porque nos dias atuais, em
todos os lugares, ainda se exige
antecedentes criminais? A resposta é direta:
Ser fichado
na polícia é uma forma bem antiga de intimidar qualquer pessoa e o registro na
DOPS é um estigma que pesa muito na vida dos estudantes. Primeiro, por que são
as informações da ficha que determinam quem será preso a cada nova operação da
polícia política. Vai preso, anota na ficha, duas anotações, nova prisão e o
“elemento” fica visado... Além disso, o Atestado de Bons Antecedentes,
documento concedido pela polícia para comprovar que a pessoa não tem registros
criminais... Para fazer inscrição no vestibular matrícula na universidade,
concurso para emprego público, ser professor, solicitar financiamentos, tirar
carteira de motorista e passaporte, exercer a profissão de jornalista ou ser
candidato em qualquer cargo eletivo, o atestado é condição prévia. (URBAN,
2008, p. 105).
Antes do jovem de hoje passar a
falar irresponsavelmente sobre a Comissão da Verdade, a Lei da Anistia que
deixa impune torturadores, precisa aprender a não esquecer. Primeiramente, que
o essencial é saber perguntar, todo o resto é secundário ou inútil. Conhecer a
história é conhecer a si mesmo e principalmente; o desinteresse pelos anos de
chumbo do Brasil tripudia e cospe violentamente no rosto chagado de quem buscou
um país melhor e teve sua existência diminuída. Conhecer é prestar culto a
memória dos que apanharam, morreram e ainda, daqueles que vagam em busca de
suas histórias roubadas.
Referências Bibliográficas
ARQUIDIOCESE
DE SÃO PAULO. Brasil Nunca Mais:
Petrópolis: Vozes, 2011. (Coleção Vozes de Bolso).
BETTO,
Frei (org.). Resistência e Utopia.
São Paulo: CEPIS, 1994.
GALEANO,
Eduardo. As Veias Abertas da América
Latina. Tradução de Sérgio Faraco. Porto Alegre: Lp&m Pocket, 2012.
_____.
O livro dos Abraços. Tradução de
Eric Nepomuceno. 8ª ed. Porto Alegre: Lp&m Editores, 2000.
TAVARES,
Flávio. Memórias do Esquecimento: os
segredos dos porões da ditadura. Porto Alegre: Lp&m Pocket, 2012.
SEM
AUTOR. Três Reis, uma vida pela
liberdade e justiça. Apucarana: Grupo Tribuna, 2010.
SEM
AUTOR. 1964 – 31 de março. O
movimento revolucionário e a sua história. Tomo I. Rio de Janeiro: Biblioteca
do Exército, 2003.
URBAN,
Teresa. 1968 Ditadura Abaixo.
Ilustrações de Guilherme Caldas. Curitiba: Arte e Letra, 2008.
*Notas:
[1] Para uma consulta mais completa sobre
as técnicas de torturas empregadas pelo regime, recomenda-se a leitura do
livro: Brasil Nunca Mais,
especialmente a parte 1 – “Castigo cruel desumano e degradante”; parte 5 –
“Regime marcado por marcas da tortura”; parte 6 – “Os limites extremos da
tortura”. Também é de inestimável importância o livro de Frei Betto intitulado Batismo de Sangue.
[2] “...O
pau de arara consiste numa barra de ferro que é atravessada entre os punhos
amarrados e a dobra do joelho, sendo o ‘conjunto’ colocado entre duas mesas,
ficando o corpo do torturado pendurado a cerca de 20 ou 30 cm do solo. Este
método quase nunca é utilizado isoladamente, seus ‘complementos’ normais são
eletrochoques, a palmatória e o afogamento [Augusto César Salles Galvão,
estudante, 21 anos, Belo Horizonte; carta de próprio punho, 1970: BNM n.150, V.
2º, p. 448-450]”. (B.N.M, 2011, p. 35).
[4] “...sentou-se
numa cadeira conhecida como cadeira do dragão, que é uma cadeira extremamente
pesada, cujo assento é de Zinco e que na parte posterior tem uma proeminência
para ser introduzido um dos terminais da máquina de choque chamado magneto;
que, além disso, a cadeira apresenta uma travessa de madeira que empurrava as
suas pernas para trás, de modo que a cada espasmo de descarga as suas pernas
batessem na travessa citada, provocando ferimentos profundos... [José Milton
Ferreira de Almeida]”. (B.N.M, 2011, p. 37-38).
[5] GIORDANI, Marco Pollo. Brasil Sempre. 2ª edição. Porto Alegre:
Palmarinca, 2014. [1ª edição foi lançada em 1985, pela editora Tchê].
[6] O jornalista Flávio Tavares é uma das
referências principais sobre o golpe de 1964 e seus desdobramentos. Entre seus
vários livros sobre o período e o tema da ditadura se destacam: “O Dia em que
Getúlio matou Allende e outras novelas do poder” (Lp&m Editores, 2014);
“1964 O Golpe” (Lp&m Editores, 2014); “1961 – O Golpe Derrotado – Luzes e
sombras do movimento da legalidade” (Lp&m Editores, 2012).
6 comentários :
Prezado amigo,
Vejo-me no dever de contestar as afirmações aqui expostas.
“...a propaganda assume diretrizes que determinam a consciência dos indivíduos”.
A propaganda em todas as suas espécies, seja na forma da mais fria exposição, seja na forma do mais gritante apelo, visa apenas convencer um indivíduo para que ele forme uma escolha, não determinando sua ação e muito menos sua consciência. Se assim fosse, não lhe seria possível uma escolha, quanto mais uma crítica. Dada a sua natureza limitada, não é concebível que a propaganda possa assumir essa função diretriz, função essa que viria determinar a consciência de alguém. Os fracassos publicitários, por exemplo, são elementos suficientes para que esta tese seja reduzida ao patamar de Doxa.
“Todos cumprem uma mera função decorativa, de fantoches sem função específica no teatro da vida.”
Se assim for, qual a situação existencial do imenso conjunto de intelectuais que compartilham da sua tese? Pelo que a realidade nos mostra, vivemos todos sob o mesmo sistema. Assim, segundo a sua tese, eles também cumprem apenas uma função decorativa, de fantoches. Caso não cumpram, sua tese não é universal. Se não é universal, não é filosófica. Há um termo mais preciso para a crítica que exclui de antemão todo aquele que a profere: hipocrisia, consciente ou não. É a vida um teatro ou é um teatro esta tese?
“Quem é o responsável pelo medo que trava a juventude inexperiente, fazendo com que se tornem uma massa disforme, passiva, sem cheiro e sem dor? Aquela dor da consciência, ou seja, aquele estado de espírito que bate no próprio rosto exigindo um mínimo de ação.”
Ninguém é responsável por um medo inexistente. Como alguém pode ter dor de consciência por um ato que não cometeu? Massa disforme? O indivíduo passou a ser considerado apenas no que diz respeito a uma coletividade? O que ele é por si nada vale, só vale em termos de aceitação ou não de uma ideologia? O estado de espírito que bate no próprio rosto exigindo um mínimo de ação é um estado de espírito doentio quando os seus pressupostos “filosóficos” pregam uma leitura míope da realidade, reclamando a formação de uma sociedade que “deveria ser” e tornando mais feia do que já é a realidade mesma, não a conceitual.
“O jovem de hoje precisa saber que o sonho de Três Reis vai além dele, é algo que só pode ser possível se for entendido por muitos. No raiar de cada dia precisa pensar que, quem esquece o passado está fatalmente condenado a repeti-lo, com roupagem de maior mediocridade e menor vida.”
O Sonho de Três Reis, apesar de belo e bem-intencionado, não poderia se realizar pelas vias que optou. Ele entrou para a ALN (Aliança Nacional Libertadora) sem nenhuma consciência de seus atos? Baseada em premissas falaciosas, a ideologia de Três Reis não pode ser entendida, nem por poucos, nem por muitos. Não fiar-se em teses equivocadas é requisito mínimo para uma roupagem sem mediocridade e com mais vitalidade. Além do mais, em todo o processo de formação individual, precisamos de um conhecimento considerável apenas para perceber a extensão de nossa própria ignorância, que no cotidiano nos provoca até mesmo as mais caras frustações, obrigando-nos a absorver elementos antes não considerados, e que na vida intelectual nos obriga a ler uma lista de livros imensamente maior que a lista aqui referenciada.
Todo este processo de formação individual, em seu duplo aspecto, nos é imensamente caro... Pergunto-lhe: como é possível você se render a uma retórica tão barata?
A Tortura foi, é e sempre será um ato abominável. A investigação de fatos ocorridos antes da Lei da Anistia deve ser feita não de maneira unilateral, mas de um modo que esgote TODOS os elementos de uma história e que esclareça os atos cometidos dos DOIS LADOS. Essa história começa em 1935 com Luis Carlos Prestes, e só abarcando os fatos ocorridos antes de 64 poderemos entender, com honestidade intelectual, todo o ocorrido na Ditadura Militar.
“A ditadura militar agia como um princípio religioso fornecendo aparato e caminho para a salvação comunista. A eles, tal doutrina e regime iria tomar o Brasil de assalto.”
Financiados e treinados por Fidel Castro, que banhou Cuba em sangue com a sua revolução, não seria com beijinhos e abraços que os defensores desta doutrina tomariam o Brasil...
Interessante seria comparar o número de mortos da ditadura brasileira com os que morreram no “paredón” cubano. Fica a dica.
“Reis provavelmente diria ao jovem de hoje que, na escola deveriam aprender primeiramente, o significado do ponto de interrogação, pois são as perguntas que realmente movem o mundo e nos tiram da mediocridade, tonificando nosso cérebro e acabando com a anemia de uma geração que é burra de história”
Não desejo que o cérebro de ninguém seja tonificado em uma ideologia que nunca deu certo, que prega uma sociedade que nunca existiu e que quer fazer da sociedade atual um rato de laboratório, tentando aperfeiçoá-la, na base da tentativa e erro, precisamente só erro, e que custou a vida de milhões pelo mundo. “Ah, mas lá eles erraram, desta vez será diferente...” Quem garante? Você garante? Aceita a responsabilidade de incitar e converter uma geração a sair de uma suposta “mediocridade” para um fim incerto, quando a História lhe revela, a esta mesma geração “burra de história”, a via sem ética e de desgraças incontornável? Afinal de contas, “...o essencial é saber perguntar, todo o resto é secundário ou inútil.”
“Conhecer é prestar culto à memória dos que apanharam, morreram e ainda, daqueles que vagam em busca de suas histórias roubadas.”
Culto prestamos àqueles que pela via construtiva, ética e por mérito, façam a diferença para a humanidade com atitudes pequenas, porém sólidas e duradouras. Não há que se prestar culto àqueles que se iludiram o suficiente para pegar em armas, desde 1935, e não tiveram maiores escrúpulos em utilizar bombas, sequestrar aviões e justiçar os próprios companheiros que, no meio da selva, saíram da caverna ideológica e notaram que pela via destrutiva nada perdura. Não há que se prestar culto aos mesmos que hoje escondem os seus crimes e que não permitem que sejam investigados.
Prestamos culto aos vários inocentes do conflito; prestamos culto a João Pereira, de 17 anos, que foi esquartejado em Xambioá, Tocantins, na frente da família, pelos guerrilheiros liderados por José Genoíno, melhor definidos como os Terroristas do Araguaia.
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