Por: Edinei Marcos Grison
As raízes do Brasil[1] declaram os dilemas políticos, econômicos e sociais que determinaram o processo histórico no seu desenrolar como um Estado autoritário. Não há como negar a formação autoritária do Estado brasileiro[2] pela escravatura, independência (sem revolução) oligarquias, coronelismo (ligando a enxada e voto),[3] ditaduras (Vargas (projeto de nação 1930), Militares (progresso através da ordem) et. al.) pelas pseudas e demagógicas democracias (participação frustrada do povo brasileiro no governo) das eras Lula e Dilma[4].
A partir do sonho da democracia, a
história política do Brasil confunde-se em sua identidade com extremos, a
saber: a harmonia e o conflito, os explorados e exploradores, senhores e
servos, eleitores e eleitos (mais fácil pelo cabresto) analfabetos, letrados,
cidadãos, corpos sem alma, árvores do poder discreto e cepas inférteis. Por
conseguinte, os donos do poder[5] parecem compactuar com
ideologias diversas, anacrônicas, dialéticas em prol do poder, domínio, propriedade
e manutenção do poder, segundo uma publicação da Carta Capital de 02 de Abril
de 2014[6]. É verdade que existem
maçons que defendam a grande contribuição da Revolução de 1964. Uma
bestialidade disfarçada de superioridade espiritual e intelectual.
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Fonte: Web |
A polissemia do termo ideologia
regulamenta também a opção de se acreditar em ideologias autoritárias que
tornaram independente o Brasil dos portugueses que libertaram os escravos das
senzalas (a de se mencionar a contribuição dos homens da discrição/maçons e da fraternidade,
cuja propriedade é o poder político/econômico do Brasil), intensificando o
progresso urbano (elite urbana/desenvolvimento industrial), retardando a
democratização e intensificando as manobras das massas (trabalhadores livres remanescentes
do agrarismo) a bel prazer dos donos do poder. Os fenômenos contemporâneos (protestos/reivindicações
et. al.) parecem desconstruir as
sociedades secretas do poder, elíticas, o poder do Estado autoritário, seus
grupos, suas ideologias, os donos do poder e clamar pela cidadania que está no
seu longo caminho[7],
ainda em eterna impressão política e social na realidade.
A atualidade parece explicitar sentidos negativos para o conceito
ideologia, por apresentar ingênuo vinculo materialista. Não existe neste
contexto um litígio geral contra um antigo sistema político. Existem revoltas,
indignações sociais, desigualdades miseráveis, condições extremas de
exploração, imobilidade urbana, colapso de políticas públicas, sistemas sociais
de atenção à saúde e segurança. Não se propõe um novo regime, pois os
revoltosos/manifestantes questionam o presente projeto político desigual que
outrora ideologicamente em suas bandeiras representava o suspiro dos pobres, mas
sem horizonte, nem ideologia predominante, nem classe e o plasma social reflete
indignações perante a distância social do Estado autoritário e dominador para
com a realidade sensível. Parecem também às ideologias estarem exauridas em projetos
políticos frustrados e em coligações a-históricas pela manutenção do poder.
Conglomerados de homens discretos e
sempre presentes como: Sarney, Collor et.
al. sanguinários da esfera pública estabilizam o poder a alguns, atrasando
a luta pela emancipação da espécie humana. O Brasil que realmente existe é o de
poucos cidadãos, de alguns homens (estes discretos e fraternos no ato de
usufruir o poder) e muitos que migram da realidade tangível à metafísica dos
ideiais de justiça e cidadania republicanas. Os donos do poder parecem
alimentar pelas raízes um Brasil desigual. Muitos que dizem que ideologias
alimentam manifestações e protestos, ignorantes consideram a ideologia algo que
possui em si mesmo seu fim. Para Marx e Engels, a ideologia deveria refletir a
materialidade das relações. Neste caso, o Brasil vive uma alienação no que
tange a participação pública, política e material, pois os manifestos seriam muito
maiores e expressivos.
A consciência de esquerda e de direita
na política brasileira declaram mesclas e novos arranjos políticos pelo poder,
ignorantes às condições histórias, sociais e econômicas ideológicas e
partidárias. É verdadeiro que as ideias que pareciam claras e distintas como
nortes orientadores acabaram por matizarem-se sem transformar a realidade e sim
somente a refletir como desigual administração de um Estado autoritário. Tanto
de um lado (direita) como de outro (esquerda) reina a política da desigualdade
e do império da discrição na administração do poder. Não existem ideologias no
Brasil. Existem opostos da realidade e miseráveis da realidade. Tanto no estado
esquerdista, bem como no de direita, impera a legitimação do progresso livre do
indivíduo para o bem de si mesmo. A mesma ideologia separatista, liberal,
imperialista, hegemônica têm responsáveis diferentes com tautologias nas
maneiras de pensar/agir.
Enquanto
existir o Estado autoritário haverá aparelhos ideológicos como extensão do
Estado. No Brasil as ideologias conhecidas refletiram somente sós a total
referência política de poucos e únicos patriotas. A materialização da dominação
simbólica e física esta na bandeira: Ordem a muitos e Progresso como triunfo de
poucos.
Em
suma, a ideologia é sempre um objeto a ser criticado para não refletir
aparelhos ideológicos[8] de poucos e discretos
homens. A tradição é morta e os espectros, incomodados às novas realidades,
processos e movimentos.
Notas:
[1] Sugere-se para aprofundamento sobre o tema em: HOLANDA, Sérgio Buarque
de. Raízes do Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
[2] Uma excelente discussão é desenvolvida no livro: SILVA, Ricardo. A
Ideologia do Estado Autoritário no Brasil. Chapecó: Argos, 2004.
[3] Sobre o coronelismo no Brasil, sugere-se a seguinte referência: LEAL,
Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo
no Brasil. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteria, 1997.
[4] Considera-se a era Lula, Dilma como manifestação remanescente das bases
ideológicas combatidas e silenciadas no regime militar. O grande salto esperado
pelo povo brasileiro, a superação da desigualdade social, educação de
qualidade, saúde com atendimentos prontos e com alta mobilidade, a segurança
pública ruíram por terra. Escândalos políticos e crendice do povo pela
participação no governo selaram frustrações e condições sociais ainda imutáveis.
[5] Sobre a expressão: os donos do poder sugere-se a seguinte referência:
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro.
13 ed. São Paulo: Globo, [1998]. v. 2.
[6] Material completo consultado em: http://www.cartacapital.com.br/politica/apos-50-anos-do-golpe-macons-questionam-democracia-e-criticam-201cdesobediencia-civil201d-no-pais-5588.html
[7] Sobre a cidadania como longo caminho no Brasil, indica-se a seguinte
obra: CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 12. ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
[8] Importante reflexão segue na obra: ALTHUSSER, Louis. Aparelhos
ideológicos de estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de estado. 7 ed. Rio
de Janeiro: Graal, 1998.
REFERÊNCIAS
FAORO, Raymundo. Os donos do poder:
formação do patronato político brasileiro. 13 ed. São Paulo: Globo, 1998.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do
Brasil. 26 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo,
enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 3 ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteria, 1997.
SILVA, Ricardo. A Ideologia do Estado
Autoritário no Brasil. Chapecó: Argos, 2004.
Site
Carta Capital: disponível em: http://www.cartacapital.com.br/politica/apos-50-anos-do-golpe-macons-questionam-democracia-e-criticam-201cdesobediencia-civil201d-no-pais-5588.html Acesso em: 02 abr. 2014.
2 comentários :
Parabéns pelo artigo Edinei. Após a leitura me lembrei de Tocqueville, que apontava para a possibilidade paradoxal de medrar uma espécie de despotismo num regime democrático. Embora Tocqueville tenha refletido a partir do panorama político do século XIX, sua reflexão nos mostra que ele tratou de questões que estão longe de perderem a atualidade!
Olá Colega Oseias. Acima de considerar o Estado político brasileiro um projeto de poucos e discretos, percebe-se a implicância de ideologias separatistas e individualistas, acima do sentido de soberania e igualdade coletivas.
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