Por: Jonas J. Berra
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QUEM É YOANI PARA YOANI?

Se tivesse de escolher entre o governo cubano e os EUA, ficaria ao lado dos EUA devido à tentativa de eliminar o embargo econômico, mas não entrou em mais detalhes. Seria bom saber quais as vantagens e desvantagens de Cuba entrar num acordo com os EUA.
MOBILIZAÇÃO SOCIAL
Questionada sobre a diferença entre a mobilização popular no norte da África e a falta de mobilização em Cuba, Yoani procurou mostrar que em Cuba as condições para um levante popular, historicamente, foram inferiores. Tal dificuldade estaria no índice menor de jovens da ilha e a falta de acesso às tecnologias como internet e telefone. Desse modo, ela jogou o problema para a falta de jovens, apontando para o envelhecimento da população, enquanto que no norte da África, a juventude seria a responsável pela revolta popular.
EDUCAÇÃO

Para ela, é importante manter as conquistas na educação. A extensão, por exemplo, já que a maioria das pessoas tem acesso, mas pensar também na qualidade. Colocar por terra, também o mito da gratuidade. Todas as pessoas que trabalham por 20 dólares mensais, mesmo sem estarem estudando, estão ajudando a pagar a educação de todos. Isso nos faz crer que não seria, portanto, um benefício do governo, mas da própria população.
A INICIATIVA PRIVADA
Segundo ela, o governo parece ser obrigado a aprovar a iniciativa privada, mas mantem uma série de limitações, que impedem o crescimento dessa iniciativa. Uma dessas dificuldades é que as importações precisam ser feitas pelo governo, o setor privado não pode importar sozinho. O governo, conforme sua explicação, também não aceita que exista uma inevitável diferença econômica entre as pessoas em função da pluralidade de profissões. Quando alguém parece estar ganhando dinheiro, o governo acha que isso está necessariamente gerando desigualdade social e é preciso fechar o referido negócio.
O NÃO LEVANTE POPULAR
De acordo com a blogueira, o cidadão cubano não se opõe ao governo por medo. Esse medo vai provocando uma condição de apatia, que gera uma inercia. Mais do que isso, afirma ela, o governo condena os críticos, os estigmatizando. Os sataniza. Desse modo, o cidadão acaba preferindo não arrumar problema e o resultado disso acabou sendo a criação de cidadãos passivos, que sequer sabem que lhes falta a liberdade. Com isso ela deu a entender que eles ficaram como que cegos frente ao totalitarismo que os cerca.
REPÚDIO DE MANIFESTANTES NO BRASIL
Para ela, a sua suposta relação com a Cia é um conto infantil. Para mostrar a irracionalidade dessa afirmação, ela explicou que observava pessoas serem apontados como agentes da Cia por escreverem contra o governo, mas que quando ela mesma começou a escrever, e começou também a ser acusada de trabalhar para a Cia, percebeu que nenhuma daquelas pessoas trabalhava realmente para a Cia.

DITADURAS DE ESQUERDA E DIREITA
Ela não crê em distinção entre ditadura de direita e ditadura de esquerda. Para ela, o governo cubano (totalitário) se apropriou da linguagem democrática, fazendo propaganda como se suas eleições fossem as mais democráticas do mundo. Mas, contra essa ideia, bastaria analisar o que ocorre na assembleia, que anula a si mesma, que jamais vetará uma lei que venha do poder institucionalizado. Os candidatos não podem apresentar um programa e se posicionar frente a um tema. Por outro lado, quanto a eleição de seus representantes políticos, ela afirmou que o próprio sistema eleitoral não possibilita saber quem é a pessoa que assume como deputado e questionou: “Como vou saber apenas com uma foto e um currículo qual escolher?” (tradução nossa).
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA:
2 comentários :
Muito interessantes seus apontamentos Jonas. Infelizmente, o tempo usado para as questões mais sérias e contundentes, foi usado pelos que dialogaram com ela de forma inadequada. A escolha destes debatedores me parece "muito pensada", ou seja, compromissada com certas ideologias. Nenhuma pergunta tratando dos textos do blog dela, não foi dado o nome ou endereço do blog para acesso dos telespectadores. Debate fraco. Ela defende coisas interessantes e tem posições que precisariam de uma apreciação mais aprofundada. Não estou questionando a competência dos debatedores, jamais, entretanto poderia ter sido melhor. É tremendamente verdadeiro o que ela diz em relação as ditaduras: não existe ditaduta de esquerda e de direita. Existe apenas DITADURA. Isso me remete a um texto do saudoso e gênio Gonçalo M. Tavares, que está no livro Histórias falsas e diz mais ou menos isso: Ditadores? Não existem. Não há o plural para esta palavra. É pequenez intelectual tratar como ditaduras. É falta de conhecimento ser contrário a ditadura brasileira e defender a cubana. Existe a DITADURA e os ditadores são todos iguais: determinam e se preciso matam. Não quero defender e nem criticar ela, mas, com certeza precisamos ler seus textos e criticá-la, se preciso, de forma intelectual. Atacamos as ideias e não as pessoas. Como nos ensinou Voltaire: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las". Muitos dos protestos contrários a ela vão na contramão; querem atacar a pessoa física e esquecem as ideias.
Sim Everton, você tem razão.
Poderíamos questionar os que entrevistaram a cubana. Mas o Roda Viva me pareceu mais preocupado em deixar que ela falasse, afinal, ela é uma visitante. Além do mais, já foi vergonhosa a forma como ela foi recebida por manifestantes. Seria mais vergonhoso ainda arriscar colocando alguém que a atacasse novamente. Que tipo de país somos? Somos capazes de ouvir, ou apenas criticamos por criticar? Ela deu várias outras entrevistas em que provavelmente precisou responder perguntas mais complexas. Sem defender a escolha das pessoas que a entrevistaram, mas realmente a proposta não era negar o que ela diz, pois são verdades, verdades pessoais da posição dela. Não adiantaria nada colocar militantes comunistas dizendo que o que ela diz é errado, pois se trata da posição intelectual e moral dela. Questionável, é claro, mas é o posicionamento dela.
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